segunda-feira, 11 de julho de 2011

Como tudo começou - Parte III

Levantei uma pedra que percebi estar solta no chão, devido ao cimento velho e gasto. Escondi o celular ali, para que não houvesse perigo de o homem perceber que alguém já sabia onde eu estava. Só ouvi o barulho do plástico quebrando-se quando soltei a pedra pesada. Minha irmã compraria outro celular, já eu não teria outra chance de viver.
Cada segundo que passava mais parecia uma hora. Meu estômago roncava ainda mais desesperado, e ao mesmo tempo o cheiro de esgoto que estrava pela janela embrulhava-o. Eu não tinha muita noção do tempo que já havia passado, mas acho que já haviam passado-se umas três horas. Quando eu estava pensando em uma desculpa pelo meu atraso, até pensei em inventar um assalto, agora não sei se eu não estava era prevendo o que ia acontecer. No final das contas nem precisaria dizer que eu estava saindo atrasada... assim não perderia pontos com o chefe!
Um outro tiro fez-me voltar de meus pensamentos.
- Será que estão atirando no cara que vem ajudar-me? - pensei- Droga! Além de estar com minha vida em risco, coloquei também a vida de quem não tem culpa de nada!
Mais um tempo passou-se e nada mais ouvi. Se tivessem pedindo resgate à minha família eu estaria perdida... e minha mãe deveria estar muito mais nervosa do que eu.
Naquele momento eu pensei em tanta coisa, na minha família, nos meus amigos. Rezei muito para que Deus desse-me mais uma oportunidade de vê-los, de abraçá-los, de dizer a eles o quanto eram importantes para mim. Pois na correria do dia-a-dia a gente deixa de falar como se ficasse subentendido, mas eu vi o quanto seria importante ter dito, ter dado a certeza do que eu sentia, do quanto eu era feliz por tê-los em minha vida.
Naquele momento eu chorei. Lembrava de todos os meus sonhos não realizados, de todas as promessas ainda não cumpridas.
Dos jantares em família, das boas risadas entre amigos.
Chorei pensando que nunca experimentaria o gosto de ter a minha própria família. De pensar que nunca ia saber o que era ser esposa, mãe.
Como é fácil julgar que sempre teremos tempo de fazer as coisas. E os lugares que não conhecei? E a história de amor que não vivi?
E a dor que eu causaria a meus pais, e a falta que faria para minha irmã.
- Ó Deus, proteja-me, esteja ao meu lado neste momento. - eu rezava baixinho.
- Fique em silêncio. Eu vou tirá-la dai. - Eu ouvi aquela doce voz, mas não tinha coragem para olhar. Naquele momento percebi que não estava mais sozinha. Um rapaz olhava-me pela janela, temendo que alguém o visse ali.
- Obrigada por acreditar, obrigada por vir. - Sussurrei. As lágrimas foram automáticas.
Com duas marretadas ele arrancou uns oito tijolos, abrindo espaço suficiente para que passasse.
- Os caras estão muito ocupados com um rolo que eu armei lá no portão, uns amigos meus vão despistá-los, venha comigo.
Cuidado-se ele ajudou-me a sair e como viu que eu tremia muito, abraçou-me forte contra seu peito, e me senti segura e sem medo. Pediu-me para que seguisse em silêncio, e assim saímos agachados próximo às paredes. Quando estávamos entrando em um carro que nos aguardava com as portas abertas, vi que dois homens corriam atrás de nós...

Amanhã tem a parte final!
Beijos





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