sexta-feira, 18 de junho de 2010

Coincidências do destino - Parte VI

Pedro olhou discretamente, ele realmente tinha curiosidade em conhecer o tal Mathias.

Ficou analisando o homem alto de cabelos castanhos, e percebeu que a discussão havia parado. O casal agora o fitava, foi quando prestou atenção na mulher que com ele estava, era Elizandra, sua ex-noiva, grávida de oito meses.

Pedro também perdeu a cor. Puxou o carrinho e convidou Lívia para afastarem-se dali.

Pararam no meio de um corredor vazio, perplexo pela coincidência, Pedro contou:

- Lívia, a mulher grávida que discutia com Mathias é minha ex-noiva. Provavelmente deve ser ele o pai do bebê que ela espera.

- Você está querendo dizer que meu namorado estava me traindo com a sua ex-noiva. E você também terminou com ela quando descobriu a traição?

- Exatamente. – confirmou Pedro, também sem entender tamanha coincidência. – Mas não vamos deixar que isso estrague a nossa noite. Felizmente já estamos longe destes dois traidores.

- Claro Pedro. Mathias jamais vai me fazer sofrer novamente. Este pesadelo já acabou. Vamos esperar mais um pouco até que eles saiam do supermercado para pagarmos as nossas compras.

O destino havia reservado diversas coincidências na vida de Pedro e Lívia. Encontraram-se em momentos de suas vidas em que tinham medo de se ferir com outra relação. Mas tudo estava dando tão certo, que nem parecia verdade.

Resolveram não tocar mais no assunto. Talvez outro dia tivessem a curiosidade de conversar e saber como foi a descoberta da traição. E também saber a quanto tempo Mathias e Elizandra mantinham um caso.

Mas naquele dia o que importava é que finalmente iriam ter um momento só para os dois. Após saírem do supermercado foram até a locadora, escolheram dois filmes um romance e outro terror.

- Se você ficar com medo, é só me abraçar bem forte, eu nem vou gostar... – Brincou Pedro.

A casa de Pedro era pequena, mas muito aconchegante. Muito romântico ele logo foi acender o fogo na lareira.

- Venha vou te mostrar a casa. - convidou ele a puxando pela mão.

Decorada ao estilo rústico, a casa era um pouco escura, mas as luminárias nos corredores deixavam a casa iluminada de uma forma mais bonita.

- A casa era dos meus avós, morei aqui durante dois anos.

- É uma bela casa!

- Você tem que conhecer o jardim que tem lá atrás.

- O legal de morar em uma casa, ao invés de em um apartamento é poder ter um jardim.

- Fique a vontade! – Disse ele abrindo a porta da cozinha. – Se precisar de ajuda para a lasanha é só chamar, vou ligar a televisão e arrumar a sala pra assistirmos os filmes.

- Pode ficar tranqüilo, se precisar eu chamarei. – contente ela foi ver nas sacolas os ingredientes.

Só de pensar que em estantes estaria nos braços de Pedro e finalmente poderia matar a vontade de abraçá-lo e beijá-lo a deixava com um frio na barriga. Lembrou-se da primeira vez que o viu, ainda sentia a mesma sensação de antes, só que agora ainda mais intensa.

Pedro ajeitou as almofadas no sofá, acendeu os abajures e fechou as cortinas da sala.

Cozinhar com amor deixa a comia mais saborosa. Lívia sabia fazer uma deliciosa lasanha. Para acompanhar preparou arroz branco e uma salada.

- Vou arrumar a mesa enquanto você termina. – avisou Pedro.

- Já abra o vinho e sirva para nós dois. – Pediu ela.

A comida realmente havia ficado uma delícia. Estava tudo perfeito. Na rua, a chuva começou a cair e deixou o clima ainda mais romântico.

- Desde que via você na parada de ônibus sonhava com esse momento. – confessou Pedro.

- Já que você confessou, vou te contar um segredo. Eu também cuidava você da janela do escritório, aos sábados, quando você visitava o escritório onde trabalha a Laura. Desde antes de derrubar café no seu casaco! – contou ela, rindo da situação.

- Sério! Mas como foi se interessar por um cara tão sem graça como eu...

- Ah, não se faça de coitadinho! – disse ela puxando-o para um abraço. - Quero sentir teu cheiro bem de perto.

- Como é bom te abraçar sem pressa de largar... Disse ele aconchegando-a em seus braços. – Vem, vamos para o sofá, vou colocar o filme, qual você prefere?

- Pode ser o romance. Já que estamos no clima.

Lívia aconchegou-se entre as almofadas, sentia como se estivesse no melhor lugar do mundo. Sentia a sensação de que coisas maravilhosas iam acontecer naquela noite especial.

- Pedro aproveite e sirva sorvete para nós!

Distraída, Lívia assustou-se quando ouviu baterem na porta da sala.

- Quem será? – perguntou ela?

- A está hora, deve ser a Sra. Anita, ela sempre vem ver como estou quando chego de viagem, era amiga da minha avó. Receba ela enquanto sirvo a nossa sobremesa.

- Sim. –Confirmou Lívia dirigindo-se a porta.

- Sou Elizandra, noiva do Pedro. Você nem imagina com quem está lidando. Pedro me abandonou grávida. Não quis assumir o filho, me conquistou, fez de tudo para ficar comigo, me usava, só queria meu dinheiro, chegou a noivar comigo e prometer mil coisas e depois que soube que eu estava grávida terminou tudo e me mandou embora. – Elizandra dizia, quase gritando.

- Mas o filho que você espera é do Mathias! - Disse Lívia, sem acreditar no que acabara de ouvir.

- Logo que isso aconteceu, conheci Mathias, já estava grávida, foi bem no início e consegui o fazer acreditar que o bebê era dele. Mathias também mudou comigo desde o início do relacionamento. Estávamos discutindo quando te vi com ele, os dois felizes, no supermercado, fiquei com tanta raiva de tudo que resolvi te contar toda verdade. E pelo que sei, ele até já tem outro filho que também renegou, e é isso que ele vai fazer com você.

- Não acredito... – disse Lívia transtornada, sem saber o que fazer.

Pedro chegou à porta e não entendeu o que estava acontecendo.

- Você me mentiu. – disse Lívia com lágrimas nos olhos.

- Como assim te menti?

- O filho que essa moça espera é seu. Precisa dizer mais alguma coisa?

- Lívia essa mulher é louca, só infernizou a minha vida...

- Não quero, nem preciso de explicações. Afinal, eu nunca vou saber se está falando a verdade ou não.

Elizandra olhava atenta, mas nada mais falou depois que Pedro chegou à porta. Com as duas mãos na barriga de oito meses, simplesmente virou as costas e saiu.

- Um táxi, por favor. - disse Lívia ao telefone, passando o endereço.

- Deixe-me entender? O que ela te falou? Não estrague nossa noite por uma besteira.

- Não precisa. Eu já me machuquei de mais. Sabia que este “conto de fadas” ia acabar assim. Tudo perfeito demais, nem um beijo me deu. Fez de tudo pra me prender a essa situação, para ter o que queria e depois me largar.

- Eu jamais faria isso com você. Tinha tanto medo de me magoar com essa relação quanto você.

- Agora ninguém mais se magoar, com relação nenhuma, principalmente com a nossa, que afinal nunca existiu. – Lívia saiu e bateu a porta.

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