sexta-feira, 18 de junho de 2010

Coincidências do destino - Parte III

- Sim, lembro!- respondeu com voz trêmula. – Tudo bem? sou Lívia.
- Muito prazer Lívia, aquele dia não tive a oportunidade de perguntar seu nome!
Contente por ele ter lembrado, ela deixou escapar um sorriso, convidou-o pra sentar e começaram uma conversa descontraída.
Enquanto ele falava sobre a empresa a qual representava, Lívia o observava, sua voz era agradável com uma música predileta. Seus olhos eram verdes e brilhantes.
- Gostaria de fazer um orçamento?- Questionou Pedro.
- Vamos fazer Sim! Depois encaminho para o setor responsável analisar.
Inteligente, educado, bonito... Ela não parava de ver qualidades. Não quis se punir por estar pensando assim, pois desta vez ele que veio ao seu encontro.
- Sábado passo aqui às quatro horas para ver se já tens alguma resposta. – Avisou Pedro.
E ele ia voltar. Sem que ela precisa-se chama-lo.

Lívia checou suas correspondências, e verificou que a tão esperada carta de sua mãe havia chegado. Mesmo com os tempos modernos a Sra. Mirian ainda optava por escrever cartas para contar as novidades.
Quando Lívia tinha vinte e três anos mudou-se para a capital para estudar e trabalhar. Desde então, visitava a mãe nos feriados, mas mantinha contato por telefone e recebia suas cartas uma vez por mês. Além da mãe, deixará na cidade um irmão mais novo e sua tia Susi, a famosa amiga, conselheira.
Após ler a carta, sentiu-se mais tranqüila por saber que estava tudo bem com os familiares. Depois da morte de seu pai, Lívia sentia-se responsável pela família, por ser a filha mais velha.

Foi uma semana tranqüila de noites abafadas e tardes quentes. Um bom motivo para que o orçamento de Pedro fosse aprovado. Mas, para a surpresa de Lívia, a compra não fora aprovada por falta de verba. Sugeriram que aguardassem em torno de dois meses para que uma verba fosse destinada a tal compra.

O sábado chegou, e ela não sabia como dar a notícia a Pedro. Para ele seria normal, na área de vendas é assim, ele estava acostumado. Mas para Lívia, seria o fim dos encontros casuais com o rapaz.

No horário combinado, lá estava ele. Com seu uniforme e sua pasta. Um sorriso no rosto, que não sumiu, mesmo depois de receber a notícia. Com medo de acabar a oportunidade de ver e falar com Pedro, quase que instantaneamente, Lívia sugeriu:
- Gostaria de fazer um orçamento com você. Estou precisando de um ar-condicionado em meu apartamento. – Ela mal pensou antes de falar. Quanto custaria? Será que entraria em seus orçamentos... Agora era tarde, ela já havia mencionado o interesse.


- Claro! Tenho uma ótima promoção pra você! Esses dias um cliente fez uma compra e desistiu na última hora. Mas, como eu já havia feito o pedido, não pude cancelar. Tive que pagar do meu bolso. Está novinho, na caixa. Faço um preço especial e ainda instalo no seu apartamento!
- No meu apartamento? – Repetiu ela, a pergunta óbvia.
- Sim, para ser mais cômodo para você.
- Ótimo! – Respondeu ela, imaginando à proporção que está história estava tomando.
Tudo ficou de acordo com as possibilidades de Lívia. Inclusive ela teria condições de pagar à vista. O fato de ter começado a trabalhar muito nova, a tornou uma mulher responsável e bem organizada com as finanças.
- Caso não queira esperar até sábado, estarei livre noite de terça-feira.
- Acho ótimo, as oito já estarei em casa. – lembrou ela.
- Perfeito, me passe seu endereço e algumas referências... Mudei-me há pouco e ainda estou conhecendo a região.
- Certo. – Disse ela pegando papel e caneta na mão. – De onde você é?
- Sou da cidade de Vale dos Lírios, mas nasci em...
- Você também é de lá! – interrompeu Lívia – minha família é de lá também!
- Que coinecidência! Adoro aquela cidade, mas fui transferido para cá, e o trabalho fala mais alto. Mas foi no momento certo. Eu realmente queria sair de lá.
Mesmo estando muito curiosa, Lívia não quis arriscar perguntar o porquê, ainda não tinha intimidade o bastante para tanto.
De qualquer forma estava marcado. Um novo encontro, uma nova chance de vê-lo. Só que agora era em seu apartamento.

Lívia subiu as escadas correndo para não perder tempo. Não ia se arrumar como se fosse a um encontro, para ele não perceber seu entusiasmo. Mas, queria pelo menos tomar um banho e trocar a roupa de trabalho.
“- Tenho que parecer natural”- pensava ela estrategicamente para não deixar transparecer seu interesse. Ligou a televisão e foi colocar no micro alguns petiscos que havia comprado para oferecer a ele.
O apartamento de Lívia era pequeno, mas delicadamente decorado. Flores no papel de parede, nos detalhes dos abajures, nos quadros, nas almofadas. Todas coloridas, eram margaridas, rosas, lírios, orquídeas, astromélias... Um pequeno jardim sem perfume. Se ela tivesse mais tempo, com certeza colocaria vasos com flores naturais para perfumar a casa.
No quarto, a cama era de casal, desde que Mathias, seu ex-namorado, começou a visitar seu apartamento com mais freqüência. O namoro durou cerca de quatro anos, eles se conheceram quando Lívia ainda morava em Vale dos Lírios. Eram muito apaixonados no começo, mas com o passar do tempo, Lívia começou amar pelos dois. Quando Lívia mudou-se para a capital para trabalhar, as coisas ficaram mais complicadas, eles se viam nos finais de semana e nos feriados. Porém, a distância fez com que ele fosse carinhoso e aproveitavam mais o tempo juntos. Lívia imaginava seu futuro ao lado dele, pensavam em ter filhos e formar uma família. Ela o amava de verdade e aprendeu a conviver com seus defeitos e diferenças. Chegaram a marcar a data do noivado, estava tudo certo para Mathias conseguir transferência da Empresa que trabalhava para a filial que ficava na capital. E assim poderiam morar juntos e acabar com a distância. Porém dias antes de trocarem as alianças veio a decepção. Lívia descobriu que Mathias mantinha um caso com outra mulher em Vale dos Lírios. E que a mesma estava grávida de três meses, é o pai era Mathias.
Lívia resolveu se afastar. Durante muito tempo chorava todas as noites. A distância da família piorou a situação. Mas, com o tempo, ela foi se dando conta de que ainda tinha muita vida pela frente, se dedicou ao trabalho e aos estudos. Porém, o medo de se apaixonar e sofrer novamente, não a deixava se aproximar das pessoas e tentar ser feliz novamente.
Eram oito e meia da noite quando o carro de Pedro estacionou na frente do prédio. Lívia ficou observando, como da primeira vez que o viu, enquanto ele pegava suas coisas no carro. Ele não estava de uniforme, nem com sua pasta. Parecia que ia a um encontro. Lívia correu e trocou a roupa despojada que havia colocado, por um vestido e uma sandália de salto baixo.

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